quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E quando a ponte do Forte ruiu?


Artigo interessante aqui sobre a ruína da ponte de madeira do Forte da Barra, a 5 de Julho de 1951.




Ponte de madeira ruiu no Forte da Barra

"No dia 5 de Julho de 1951, pelas 10 horas, um grave desastre ocorreu na ponte do Forte. Quando o camião do senhor Manuel Ramos, conhecido por Manuel Russo, ia a passar, com cinco toneladas de areia, a ponte ruiu. O proprietário e condutor conseguiu sair de imediato, mas o filho Francisco Ramos, que o acompanhava, ficou debaixo de água durante quatro minutos e meio, segundo lhe afiançou o então mestre Augusto, encarregado da Junta Autónoma do Porto de Aveiro (JAPA).
Francisco Ramos, que viveu este drama, garantiu-nos que nada fazia prever que isso pudesse acontecer, pois a ponte, oficialmente, podia suportar sete toneladas de peso. Mas caiu com menos. E o pior poderia ter acontecido naquele dia, pois cinco minutos depois passaria por ali o autocarro da “Auto Viação Aveirense”, cheio de passageiros.
No dia seguinte, procedeu-se à retirada do camião do fundo da Ria. Com a experiência de mestre Augusto, o camião pôde sair com a ajuda de duas barcaças e de talhas, posicionadas nos sítios certos. Quem foi ligar o camião às barcaças, mergulhando as vezes necessárias, foi o “Pezinho”*, que tinha a capacidade rara de aguentar uns minutos debaixo de água.
Feitas as ligações, uma lancha da JAPA arrastou tudo para um espraiado na Marinha Velha, perto do moinho do senhor Conde, que foi demolido há várias décadas.
Do areal da borda até à estrada mais próxima o camião foi puxado por juntas de bois. Depois foi reparado e a vida retomada, à espera de uma ponte que oferecesse mais garantias. O que veio a acontecer, não naquele sítio."
Fernando Martins

* O “Pezinho” era um trabalhador-marinheiro muito dedicado ao Mestre Mónica. Segundo a tradição, terá salvo o Mestre quando caiu à água atingido por um ferro, que lhe deixou marca no sobrolho para o resto da vida. Era especialista em mergulhar, aguentando uns minutos debaixo de água, sem qualquer máscara.


Fonte: "Gafanha da Nazaré: 100 anos de vida"

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